terça-feira, 2 de novembro de 2010

Retomando a Palavra




Hoje acordei com vontade de falar da viagem que fiz, em junho, ao Rio de Janeiro. Faz tempo!... Mas nunca é tarde para as boas lembranças, para "poetizar" as belezas da Cidade Maravilhosa, mesmo que a poesia surja apenas das imagens.

Dessa vez, além de voltar ao Corcovado e ao Pão de Açucar (ciceroneando a minha companhia mais querida), visitei "mares nunca dantes navegados":
  • a Biblioteca Nacional, que no dia 29 de outubro completou 200 anos. A beleza arquitetônica do seu imponente palácio na praça da Cinelândia esconde raridades protegidas sob forte esquema de seguranca e, nas entranhas do seu imenso acervo, mil e uma histórias (quanta inspiração!);
  • no Theatro Municipal, lindamente reformado, a ópera "O Guarani" para celebrar cem anos de mais um exuberante palácio. Uma maravilha de espetáculo: na fachada, nas escadarias, no teto, no palco!... (Quanta arte!);
  • o Museu da República, além de pompa e muita história, tem um belíssimo jardim, onde senhores e senhoras se reúnem para viver belos momentos musicais, ao estilo das antigas serenatas. Uma encantadora viagem no tempo!

O meu olhar se perdeu em meio a tantas belezas e o meu espírito se encontrou por alí como se relembrasse momentos vividos em tempos de antanho. Será?!... Uma constatação ficou: voltarei para novos deleites.

Por hoje é só. Mas não poderia concluir sem dizer que "o Rio de Janeiro continua lindo!" E olha que nem falei de suas belezas naturais!...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Skank -- É Uma Partida de Futebol - Vídeo Oficial

Primeiro Gol...


Hoje acordei verde-amarela. É o primeiro dia do Hexa. Além da sugestiva música do Skank, temos poesia, da boa! E fala do que mais interessa em uma partida de futebol: O Gol. Esse, de Ferreira Gular. Que belo gol! Vai lá, Brasil!

O Gol

A esfera desce

do espaço

veloz

ele a apara

no peito

e a pára

no ar

depois

com o joelho

a dispõe a meia altura

onde

iluminada

a esfera

espera

o chute que

num relâmpago

a dispara

na direção

do nosso

coração.





segunda-feira, 14 de junho de 2010

Primeiras palavras


A primeira vez é sempre muito difícil e, dizem, a gente nunca esquece...

Como fazer brotar no papel palavras que na mente fervilham? Como fazê-las curvarem-se às nossas ideias? Como preencher a folha em branco se elas se esquivam na hora H?
João Cabral diz que o sertanejo fala devagar porque ele tem de pegar as palavras com cuidado, confeitá-las na língua, rebuçá-las. É isso mesmo. E como toma tempo esse trabalho!

Heureca! Será de João Cabral a "minha" palavra inaugural:


RIOS SEM DISCURSO

Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.

O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase a frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.

(In: A educação pela pedra).